UM DIA INESQUECÍVEL...

Um navio, uma viagem, 40 anos depois...

Talvez este tenha sido dia mais decisivo em nossas vidas, depois de mais de 1 ano de convivência em nossa querida EAM, aqui seria o começo de uma vida de saudades. Saudades de nossos pais que deixamos para trás em busca de um sonho desconhecido, saudade de nossos irmãos que ficaram com a certeza que seriamos importante para o país, saudades de nosso primeiro amor e de nossos amigos de infância. Aqui também se iniciava um momento de separação de nossos colegas de turma com quem tanto convivemos e alguns nunca mais voltaríamos a ver.  

Ao olhar esta foto lembro como eu ainda era criança, tinha apenas 18 anos e me sentia um menino invadido por um medo inexplicável. Medo do que  iria encontrar pela frente, medo de ficar sem o aconchego da minha família, medo do mudo lá fora, medo de tudo e medo de nada, era o meu futuro profissional que havia começado.

As lembranças daquela primeira noite no mar até hoje vem a minha mente, lembro-me de ver muitos colegas chorando num místico de saudade e medo, medo sim, éramos muito infantis, já que nossa geração amadurecia bem mais tarde do que hoje.

Hoje ao rever esta foto me veio à mente um sentimento difícil de identificar, saudade ou orgulho? não, não sei o que exatamente sinto ao olhar esta foto, muitas coisas aconteceram nesses quase 40 anos que separam minha adolescência da minha vida atual, mas sei que tudo começou ali, pois era exatamente esta viagem que definiria minha trajetória na vida.

Depois de 20 anos voltei a servir neste mesmo navio, mas só hoje ao ver esta foto é que consigo perceber a importância deste barco em minha vida, pois daquela viagem o único sentimento que tenho de recordação é de saudades e medo.

Hoje, mas lúcido que há 40 anos, sei que foi uma decisão dolorosa, mas certeira.  

Ao admirar esta imagem hoje a única certeza que tenho é do quanto será importante o reencontro desses “meninos” que há 40 anos resolveram “brincar” de ser gente grande e ver como cada um desses adolescentes se comportou diante a tão difícil tarefa que é viver e não ter a vergonha de ser feliz.

Com Saudades, Edanrdo Bezerra (AM_105)